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NY Mag: "Katy Perry é a Britney sem os movimentos de dança, o star-power natural e o colapso nervoso."


-Manu

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Katy Perry anunciou recentemente planos para apoiar Hillary Clinton. Considerando que estamos no meio de uma das eras mais abertamente feministas das últimas três décadas, esta notícia não é tão difícil assim de se analisar. Afinal, superstars desbocadas como Beyoncé, Rihanna, Nicki Minaj e Taylor Swift dominam nossos palcos e telas, oferecendo seus sabores variados de empoderamento pop e narrativas pessoais complicadas para as massas. Na verdade, se aliens se conectassem com o Spotify agora, eles provavelmente teriam a impressão de que o nosso mundo é governado por mulheres sem remorso e fora da lei, agressivas, sedutivas, e encorajadas em suas armaduras de ferro.

Entretanto, quando você se desloca dessas reinventadas super-heroinas com super-poderes para Katy Perry, a imagem torna-se muito menos ameaçadora e explosiva. Porque Katy Perry nunca muda. Sua marca é a própria essência da tranquilizadora estagnação não ameaçadora. Ela encapsula aquela restante e silenciosa maioria que não gosta de ser desafiada em nada, nunca, por qualquer razão - não por mulheres, não pela música, não pelo tempo, mas por nada. Onde Beyoncé nos estimula a aceitar o feminismo e, mulheres assertivas fortes (com um toque levemente perverso), e Taylor Swift nos empurra para abraçar a vulnerabilidade e feminilidade (com algumas correntes emocionalmente voláteis), Katy Perry nos oferece conceitos avant-garde, conceitos elevados como adolescentes, excitante; meninas da Califórnia, impressionante; aliens, estranho; e beijar garotas, realmente legal.

Em toda a probabilidade, então, a intenção de Katy Perry ao apoiar Hillary Clinton sugere nada mais do que o fato de que Katy Perry prefere soar como alguém que se posiciona para algo, mesmo que ela não seja essa pessoa e nunca foi. É uma boa tentativa. Mas em um cenário onde estrelas pop femininas que puxam os limites do que uma mulher pode fazer e dizer, Katy Perry continua a ser um objeto confortável e não ameaçador. Ela é um “cobertor" gigante em um momento de grande mudança. Ela é uma lousa em branco, um dia de spa reconfortante para aqueles que preferem respostas fáceis. Ela é um vazio com perucas coloridas, um "hambúrguer-de-nada" saboroso.

Se você pensar sobre isso, até mesmo as estrelas pop mais ridiculamente manufaturadas têm pelo menos um ou dois toques de contradição interna nelas. Isso é o que as torna interessantes. Madonna era virginal mas agressivamente dominante. Britney era uma menininha à beira de um colapso nervoso. Taylor Swift enfraquece sua imagem exterior de boneca com letras sobre raiva e de ser louca (não como uma raposa, também). Podemos não amar qualquer um desses artistas, mas acreditamos no seu real e no seu falso. Eles se desafiam. Eles estão se esforçando. Eles são complexos.

Katy Perry é tão conflituosa e complexa como uma abóbora e um desodorizador de ambiente. Ela não tem uma imagem. Ela nunca muda. A Katy Perry de 2010 é o mesma que a Katy Perry de 2015. Sua cor do cabelo é diferente aqui e ali. E é isso. Ela veste vestidos com cor de arco íris e delineador preto. Sempre e para sempre uma SuperStar Barbie Circa de 1988.

Sua música é a pop pragmática, sem mais, nem menos. É o som ambiente para comprar sapatos legais em um shopping gigante. É o som ao comer batatas fritas na praça de alimentação com seu namorado, aquele com os olhos lindos ​​que não têm nada a lhe dizer além de que gosta de sua bunda. "Meu coração pára quando você olha para mim", ela canta. "Eu quero ver o seu peacock, cock, cock", ela diz aos rapazes, e ela não está remotamente em conflito sobre isso. "Vá em frente e me encha com o seu veneno"

Você já se sentiu como um saco de plástico - não porque você está poluindo os oceanos, mas porque você "quer começar de novo", presumivelmente para ser reciclado? O mesmo acontece com Katy Perry. Mas então ela se lembra que ela é um fogo de artifício. Singular. Pense por um minuto sobre o que leva a ser o tipo de pessoa que pode cantar a palavra fogo-de-artifício como se fosse uma palavra real, repetidamente, sem sentir uma leve sugestão de auto-aversão.

Katy Perry é uma vencedora, não uma perdedora. Ela pertence. Ela nunca está fora do ritmo com qualquer coisa. Ela é super-normal. Ela nunca é neurótica e nunca se engana. Katy Perry nunca negará a fama como Lorde ou abraçará a fama como Swift ou perguntará "Miley, whats good?" como Nicki Minaj. Katy Perry é a Mariah Carey sem a voz incrível. Katy Perry é a Britney Spears sem os movimentos de dança, o star-power natural e borbulhante e o colapso nervoso. Katy Perry é Kate Bush sem tudo.

Assim é como Katy Perry responde a uma pergunta sobre a inspiração para suas canções em 2014: "Eu vi todas essas pessoas patinando ao som de Deep House no Central Park, e eu estava com uma das minhas melhores amigas, Mia. E eu apenas a olhei e disse, 'Você sabe, eu acho que o EDM está over e Deep House está in, tipo, eu imagino voltando mesmo que já tenha sido muito grande nos anos 90'. E então disse , 'Eu quero fazer o tipo de música de uma diva com uma grande voz' e eu levei isso para Estocolmo e 'Walking On Air’ saiu dessa ideia.

Em outras palavras, para Katy Perry, inspiração e "prever" a próxima tendência (não realmente prever, mas observar a próxima tendência e, em seguida, agir como se você tivesse prevido) são exatamente a mesma coisa. Nas próprias palavras de Katy Perry, ela não está criando coisas que a movem ou brotam de dentro dela. Ela está fazendo matemática simples. É por isso que sua música é a versão em áudio de algo que você compra em um rack de venda na Target. Racks de venda da Target servem para sua função, mas não estão lá para te emocionarem, te chatearem ou mudar o mundo.

Mas, entretanto, chatear pessoas e mudar o mundo também não são exatamente os talentos-chave de políticos bem sucedidos. Tão divertido quanto pensar que neste momento de campanha presidencial uma criatura sem remorsos e agressiva poderia ser o próximo presidente, todos nós sabemos, com base na história da política neste país, que deixar sua raiva interior ou a habitação em sua narrativa pessoal complicada não a levarão para o Salão Oval. Então, na verdade, Katy Perry é exatamente o tipo de figura segura, não ameaçadora, que qualquer candidato quer em sua campanha: um que às vezes se sente como um saco de plástico, mas resolve este problema não regulando o uso do saco plástico ou declarando guerra contra o aquecimento global, mas concentrando-se em algo idealista e imaginário e, francamente, estúpido: um fogo de artifício.

Podemos querer que meninas governem o mundo, fiel à profecia de Beyoncé, mas a maioria das pessoas ainda temem um planeta fêmea profundamente. Hillary Clinton sabe disso melhor do que ninguém. Lembra-se dos anos 70? Lembra-se o quão francas as mulheres eram naquela época? Lembra-se de como nós pensávamos que tudo mudaria para sempre? Estávamos errados.

Então, enquanto nós esperamos o melhor para Clinton, Katy Perry só pode servir como um lembrete útil do que acontece quando toda a arrogância morre. Katy Perry representa o status quo. Representa a Marilyn Monroe, sem a escuridão. A Sandra Dee, sem o alcoolismo. Na verdade, Katy Perry nos lembra que todo o progresso que fizemos ainda pode desaparecer no ar a qualquer momento. Sua persona estável, doce e sem complicações, seu som que nunca pisa em nenhum calo do pé de ninguém, oferecem um lugar seguro para nos esconder até que a tempestade passe e tudo volte a ser como era antes.

http://nymag.com/thecut/2015/10/what-is-the-point-of-katy-perry-even.html#

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só de passagem, pq o texto é sobre a katy perry ne more? sejamos sinceros kkkkkk

Sim, amore! <3 Mas como a Britney é citada diretamente, achei válido postar aqui na sessão.

Como o texto é grande, destaquei só as partes que falam da Brit.

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