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Britney Spears: a morte do ídolo perfeito e o nascimento do ser humano!


Thiago Pedro

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Sentimentos, desejos, sonhos e impulsos reprimidos. Imagine uma existência observada pelo mundo inteiro, acompanhada diariamente por empresários, executivos, repórteres e produtores, construída milimetricamente para um resultado admirável e assustador: Britney Spears, o ídolo perfeito. Britney Spears: um ser humano anulado.
O contraste nítido de conquistas comerciais entre Britney e Christina Aguilera, serve perfeitamente para ilustrar duas escolhas diferentes e suas consequências para a vida de cada uma. Enquanto que Aguilera apesar do sucesso comercial do primeiro álbum em que sua imagem tinha a mesma proposta de sua antiga amiga do clube do Mickey preferiu um caminho menos seguro e independente (o que de fato lhe custou grande parte do seu sucesso, mas lhe rendeu liberdade artística plena e domínio sobre a própria vida) Britney Spears emplacou numa longa e árdua jornada de contribuir para a construção da imagem que lhe custaria muito caro!
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Ao longo dos primeiros anos da década de 2000, havia uma moça que circulava pelos televisores do mundo inteiro. Bonecas, capas de revistas, adesivos, roupas... ela não era loira demais, ou magra demais, bronzeada demais ou branca demais. Provocante e sexy na dose certa, aparentemente ingênua e desprotegida, mas em vários momentos agressiva e controladora. Seus vídeo clipes já desenhavam os traços de uma personagem construída com exatidão à quem Britney Jean Spears apenas dava vida, apenas dava seu corpo, matéria... Seu comportamento, gestos, sua comunicação e contato com o público eram características perfeitamente ensaiadas. 17 anos, apenas uma criança, e em suas costas o fardo de ter de carregar o título Miss American Dream de um país com quase 500 milhões de pessoas que ainda por cima a vendia para o mundo inteiro, com seus bilhões de habitantes replicando a ideia de que aquela moça perfeita tinha a única missão na vida de entretê-los, seja no palco ou com sua vida pessoal.
E como a perfeição foi feita para ser amada, o resultado não poderia ser outro. Um império ao seu redor com seu nome foi erguido, uma indústria própria, sobre uma única garota, mas cujo domínio passava longe dos olhos da protagonista dessa história e estava nas mãos de pessoas que de fato nunca se questionaram sobre os sentimentos e desejos da criança que havia dentro daquele ídolo.
Anos mais tarde, as cores de uma história pop e perfeita começaram a desbotar. O ícone pop e o ser humano que dividiam a mesma imagem e nome começaram a conflitar, a falta de apoio e a frustração de grandes perspectivas direcionadas para um relacionamento fracassado levaram Britney ao colapso que hoje deveria ser uma grande exemplo para público e mídia de que a cobrança pela perfeição e a anulação dos instintos individuais de cada ser humano é tão agressiva quanto uma mutilação física e descambará sempre em resultados destrutivos como a morte, o desequilibro e a perda da razão.

Hoje, Britney Spears vive um dia por vez. Sua independência ainda não lhe foi totalmente restituída, mas aos poucos seu corpo deixa de ser massivamente vendido para a indústria sem o seu controle, e suas emoções e escolhas tornam-se cada vez mais protagonistas de sua vida, o que nesse momento soa como algo incrível, mas que não passa de um direito básico do qual ninguém jamais teve o direito de privá-la. É nesse momento que para seus fãs e a mídia, o ser humano Britney começa a nascer.

Mas infelizmente engana-se quem acredita que esse "renascimento" significa para a cantora a paz nunca alcançada. Pelo contrário. Nesse momento tudo relacionado à ela é posto a prova, incluindo o até então inabalável amor de seus fãs. Sua imagem perfeita de anos atrás tornou-se sua principal rival, à quem é diariamente comparada e inferiorizada por boa parte daqueles que a seguiam e daqueles que se dizem entendedores de música. Aqueles que amaram um produto, mas que estranhamente não parecem ser capazes de amar o ser humano Britney Spears.

O verdadeiro amor, assim como a flor de Lotus, nasce em meio a miséria, aos tempos ruins e as dificuldades. É necessário enxergar e aceitar que felizmente aquela Britney Spears se foi e finalmente deu lugar à uma que agora tem uma real oportunidade de ser feliz e parece estar lutando por isso diariamente. Ela não é a mesma no palco, ela não é a mesma na televisão... Ela realmente não é mais aquela entertainer perfeita. Ela agora é uma mulher, mãe de dois filhos, que dá as boas vindas às suas primeiras rugas, que procura um amor estável que lhe faça companhia nos dias bons e ruins, e que ainda sobe no palco constantemente e lança novos materiais para manter as estruturas de um comércio que leva seu nome e coloca comida na mesa de muitas pessoas que dependem do seu trabalho para sobreviver, para cumprir contratos, para corroborar sua existência e ter uma ocupação profissional como qualquer pessoa normal e finalmente, para agradar aquelas que dizem ser seus fãs.

Então, por favor, deem as boas vindas para o ser humano Britney Spears e param de criticá-la. Finalmente é a sua vez de brilhar!

Fonte: Contém Pop

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