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ARTIGO: "É 2019 e eu ouvi o 'Blackout' da Britney Spears pela primeira vez."


Diana

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Ilustração por Bianca Bosso / Artigo escrito por Jackson Langford / Traduzido por Diana (fórum Rebellion)

A música pop é um gênero mais volátil que qualquer outro. Os anos voam e a internet aperta o estrangulamento sob nossas vidas e escolhas, as bordas do que se constitui um disco pop ficam cada vez mais borradas. Nesse sentido, lançar um disco atemporal pode ser algo difícil de ser feito. Música pop sempre foi feita para o tempo que foi feita, e o tempo passa mais rápido do que qualquer coisa que conhecemos, então como um álbum pode transcender isso e continuar relevante anos depois de ser lançado?

Poucos artistas no mundo são tão sinônimos de um gênero como Britney Spears é com o pop. Sua transição do pop-chiclete para a dominadora sexual foi feita facilmente, e seus vocais instantaneamente reconhecíveis inspiraram inúmeros outros artistas, dentro e fora do pop. Não foi nada menos do que em quase uma década de carreira que ela lançou o que muitos consideram ser o seu magnum opus - o álbum de 2007, Blackout. E me desaponta imensamente em ter que admitir que não foi até 2019 que eu o escutei pela primeira vez.

Parece bizarro que o ano mais pesado da Britney nos olhos do público também foi o ano que ela nos deu seu 'melhor' álbum, e todo o hype era algo que eu não pude deixar de notar enquanto escutava o álbum. A música de abertura 'Gimme More' é uma das que eu ouvi milhares de vezes e dá o tom para o álbum inteiro. A produção chocante que é uma assinatura do Danja - presente em todas as melhores faixas do Blackout - junto às letras que contam uma história de Spears escravizada por sua carreira. Dá até a entender que ela esteve no automático por tantos anos que ela entrou em curto circuito, o que de certa forma aconteceu publicamente.

Faz sentido que a música seguinte ,'Piece of Me', produzida impecavelmente por Bloodshy & Avant, falaria sobre a percepção dela do público, meio sem graça. Uma música que foi lançada ao mesmo tempo que o TMZ estava se estabelecendo, não é segredo algum que Spears era o pote de ouro dos tabloides por anos. Mas escutando em 2019, não consigo parar de pensar o quão diferente é o significado dessa canção hoje em dia. A imagem pública dela nunca esteve melhor e sua carreira ainda prospera, mas os usuários das guerras de fãs no Twitter a classificam como um fracasso. O último álbum dela, 'Glory', de 2016, debutou em #3 na Billboard - o debut mais baixo dela - e o carro-chefe 'Make Me...' teve seu peak na posição #18. Com os padrões impossíveis da internet, Spears falhou em manter sua relevância. As contas lançam os mesmos insultos que as manchetes de revistas faziam dez anos atrás, mas em uma era das redes sociais eles podem fazer com que ela com certeza veja. Mas algo me diz - em parte por causa do seu sucesso estrondoso e inovador com sua residência em Las Vegas e em parte pela absolutamente ridícula e fofinha conta no Instagram - que ela está muito bem.

Algumas músicas depois, a linha de abertura ''it's bem a while'' de 'Break the Ice' começa e arrepia - desculpe o trocadilho - todos os meus cabelos. Essa não é a primeira vez que ouço a música e não será a última, porque é e muito provavelmente sempre será a melhor música que ela tem sob o nome dela. Há uma severidade que dança ao redor da vulnerabilidade, mas não foi até eu olhar o contexto da música que eu percebi o quão devastante ela é e o álbum inteiro é. Os vocais dela no disco estão mais auto-tunados do que o normal - não é uma coisa ruim - mas come a humanidade dela por inteiro. Aí você vai assistir o vídeo - não apenas inspirado por anime, mas o plot inteiro circula sobre robôs e clones e é um irmão do vídeo de 'Toxic', de quatro anos antes. Para conectar um vídeo tão intenso e multi-facetado como 'Toxic' com um vídeo que é praticamente desprovido de vida como 'Break the Ice', continua sendo um testamento do colapso público dela e como a malhação contra ela eventualmente tirou o melhor dela.

O álbum inteiro parece o nascimento de um pop industrial e melódico, que se tornou tão onipresente em 2019. Mas flutua em um submundo inteiro de melancolia, porém, ao mesmo tempo, se mantém extremamente sem arrependimentos. 'Get Naked (I Got A Plan)' é fantasmagoricamente sexy e tem uma das letras mais explícitas da discografia inteira dela. 'Freakshow' é amarrada em latex e plástico e o baixo ensurdecedor de 'Toy Soldier' te deixa tremendo até depois que a música acaba.

Mas assim que eu cheguei a última faixa 'Why Should I Be Sad' - um mix em glitter de um eletro-pop e R&B - uma pergunta apareceu em minha mente: "Onde está Britney?" Ela indiscutivelmente tem todos os olhos sobre ela. Apesar de ser uma garota doce e educada do sul que nunca quis nada grande, ela comanda todas as atenções. Mas em Blackout, ela parece menos como uma estrela e mais como um pedaço de um grande quebra-cabeças de uma produção. Isso não tira o crédito dela de modo algum - ainda é o nome dela no álbum, a voz dela e as músicas que ela escolheu trabalhar com os colaboradores que ela teve.

É engraçado que o álbum seja chamado Blackout, porque ela parece tão tristemente distante dele. Mas de alguma forma faz dele ainda mais intrigante, ao contrário de deixar o álbum pior. Este álbum floresceu durante o período em que a vida pessoal dela afundou, quando ela se tornou um animal enclausurado com todo o mundo rindo dela. Eventualmente, a Britney de 2007 viraria um ponto de partida para inúmeras discussões sobre a saúde mental e o mundo das celebridades, mas é um mundo antes de ser acordado, ela foi apenas o bobo da corte. Ela continuou dançando e cantando do jeito dela mesmo que sua mente, coração e corpo não estavam mais nisso.

Tendo dito isso, Blackout deveria e então se firmar como um testamento sobre o poder do apoio e da colaboração. É um álbum que nasceu durante seus dias mais complicados, mas brilha muito mais do que qualquer outro de seus álbuns. Se não fosse por Danja, Keri Hilson, Pharrell e Bloodshy & Avant, Blackout seria apenas outro álbum na carreira de Spears ofuscado por imagens dela raspando sua cabeça. Porém, seus colaboradores ajudaram-na a se re-erguer em um ponto em que ela transcendeu todas as merdas ditas. Para lidar com tanta ridicularização e escrutínio público e ainda produzir um álbum que é bom desse jeito, é espantoso. Não apenas cumpriu com as expectativas - excedeu-as. É um álbum que provavelmente a puxou para os seus limites absolutos, mesmo que sonicamente ela não esteja tanto ali. É um álbum que epitoma tudo que deu errado com a indústria da música e a cultura das celebridades, mas um que todos que estão nele deveriam ter orgulho. Spears talvez tenha sido o bobo da corte, forçada a dar um show para todos nós no meio de sua escuridão, mas ultimamente ela que tem dado a última risada.  

Artigo em inglês: https://theinterns.net/2019/02/26/2019-just-listened-britney-spears-blackout-first-time

 

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Eu gostei de certas coisas, mas esse é outro crítico que tem dificuldade em dar crédito pra Britney. Ele cita os colaboradores como os reais responsáveis pelo que o blackout é... E ela apenas como o brand que eles tiveram que moldar.

E só foi ouvir o álbum este ano, putz!

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Olha, sinceramente? Eu parei no quarto parágrafo. Make Me... peak 18? GENTE ATINGIU O PEAK 17 2 VEZES!!!!! 5VRml3D.gif E "absolutamente ridícula" o insta dela??? RIDÍCULO É ENTORTAR ESCADAS E PAREDES PRA FORÇAR CORPO BONITO, RIDÍCULO É COLOCAR 56984568 EFEITOS NA CARA PRA PARECER QUE ACABOU DE NASCER, RIDÍCULO É QUERER FALAR DE REVELÂNCIA SENDO QUE A PRIMEIRA VEZ QUE OUVIU O BLACKOUT FOI 12 ANOS DEPOIS DE SER LANÇADO. izEeohp.gif E NEM O DEBUT MAIS BAIXO ACERTARAM. ONDE QUE O BJ DEBUTOU ACIMA DE #3???? izEeohp.gif 

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3 horas atrás, Diana disse:

Se não fosse por Danja, Keri Hilson, Pharrell e Bloodshy & Avant, Blackout seria apenas outro álbum na carreira de Spears ofuscado por imagens dela raspando sua cabeça

Eles poderiam ter escrito um mundo de músicas, SE NÃO FOSSE A BRITNEY QUERER GRAVÁ-LAS NÃO DARIA EM NADA.

Mas me idetifiquei com ele ao relatar as sensações ao ouvir as músicas. BTI é uma obra prima.

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