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Curiosidade - Britney já influenciou o escritor Paulo Coelho


Bad Bitch

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Encontrei esse texto escrito por Paulo Coelho em 2009 para sua coluna q era publicada em alguns jornais do Brasil, onde ele fala sobre quando ninguém menos q miss Spears o levou a descobrir novas coisas sobre... o umbigo! ♡

 

Olhando para o próprio umbigo

Paulo Coelho

Foi justamente um pôster de Britney Spears que me fez pensar algo que jamais havia levado a sério. A partir deste pôster, comecei a ver que havia — basicamente por parte das mulheres jovens, já que os homens não têm elegância suficiente para tal — uma obsessão compulsiva em mostrar o próprio umbigo.

Muitas línguas do mundo têm a mesma expressão, quando se trata de definir uma pessoa centrada apenas em si mesma: “está olhando para o próprio umbigo!”.

Por quê? Britney Spears me levou a fazer algumas descobertas interessantes. Primeiro procurei uma enciclopédia, onde o umbigo é descrito de maneira muito limitada: cicatriz resultante da queda fisiológica (natural) do cordão umbilical. Geralmente, em humanos possui o formato redondo e fundo.

Ainda bem que não parei por aí, e aos poucos comecei a ver que a tal “cicatriz redonda e funda” possui algumas referências históricas sérias; as culturas antigas usavam a mesma palavra para definir os lugares que considerava sagrados.

No templo da Grécia onde se profetizava o futuro – o oráculo de Delfos, dedicado ao deus Apolo – havia uma pedra em mármore, justamente chamada “umbigo”. Relatos da época contam que ali estava o centro do planeta.

Em Petra, na Jordânia, existe outro “umbigo cônico”, simbolizando não apenas o centro do planeta, mas do universo inteiro. Tanto o de Delfos como o de Petra procuram mostrar o eixo por onde transita a energia do mundo, marcando de modo visível algo que se manifesta apenas no plano, digamos, “invisível”.

Jerusalém é chamada também de umbigo do mundo, como a Ilha da Páscoa, no Oceano Pacífico. O mais curioso é que estas civilizações teoricamente jamais se comunicaram entre si.

A primeira explicação, mais lógica, logo foi descartada: através do cordão umbilical somos alimentados, ele é o centro da vida. Um psicólogo logo me disse que esta teoria não fazia o menor sentido: a ideia central do homem é sempre “cortar” o cordão, e a partir daí o cérebro ou o coração tornam-se símbolos mais importantes.

Na mitologia indiana, um dos símbolos de renascimento é o umbigo. No umbigo de Vishnu, divindade indiana responsável pela criação e pela destruição sistemática do universo, senta-se o Deus que tudo irá governar a cada ciclo. Os yogues o consideram como um dos “chackras”, ponto sagrado no corpo humano. As tribos mais primitivas costumavam colocar monumentos no lugar onde achavam que se encontrava o umbigo do planeta.

Nos textos compilados por antropólogos sobre as crenças de tribos mexicanas, podemos ler:

“Quando o feiticeiro começa a entender seu novo universo, ele entra numa espécie de transe, e ‘vê’ que tudo a nossa volta é uma gigantesca teia de filamentos luminosos. Às vezes estes filamentos se mostram como um ovo de luz, e isso significa que se transformam em um ser humano. O ponto de entrada desta energia no corpo da pessoa corresponde ao local onde está o umbigo.”

Finalmente, se você conversar com alguma artista profissional em dança do ventre, ela irá dizer que os movimentos mais clássicos são aqueles que têm o umbigo como centro.

Obrigado, Britney Spears, por me fazer pensar em algo que jamais havia passado pela minha cabeça.

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